segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Vida do Escritor



Érico Lopes Veríssimo nasceu em Cruz Alta, RS, a 17/12/1905, e faleceu em Porto Alegre, a 28/11/1975. Era filho de Sebastião Veríssimo da Fonseca e Abegahy Lopes Veríssimo. Estudou em Porto Alegre, no Colégio Cruzeiro do Sul. Voltou depois para sua cidade natal, onde trabalhou num banco e depois tornou-se sócio de uma farmácia. Ali, entre remédios e o namoro com Mafalda Halfen Volpe, que iria desposar em 1931 e com quem teve dois filhos, Clarissa e Luis Fernando, dedicava as horas vagas à leitura, principalmente Ibsen, Shakespeare, George Bernard Shaw, Oscar Wilde e Machado de Assis, que muito influenciaram sua formação literária.
Em 1928 estreou com o conto Ladrões de Gado, na Revista do Globo. Em 1930, transferiu-se para a capital gaúcha e ingressou como redator da revista em que estreara. Logo, porém, aceitou o cargo de Secretário do Departamento Editorial da Livraria do Globo, a convite do editor Henrique Bertaso, com quem colaborou por longos anos. Em 1932, com a edição de Fantoches, pela Livraria do Globo, iniciou sua brilhante carreira literária, que viria a alcançar, a partir de 1938, repercussão nacional e, mais tarde, internacional. Já em 1934 conquistava, com Música ao Longe, o Prêmio Machado de Assis, da Cia. Editora Nacional e, no ano seguinte, seu Caminhos Cruzados era premiado pela Fundação Graça Aranha. Foi, porém, com Olhai os Lírios do Campo, em 1938, que seu nome tornou-se realmente popular, atingindo a todos os pontos do país.
Desde 1943, quando viajou pela primeira vez aos Estados Unidos, empenhou-se em divulgar a literatura e a cultura brasileira no exterior, em conferências e cursos que se realizaram nos mais diversos países (México, Equador, Peru, Uruguai, França, Espanha, Portugal, Alemanha, etc.). Seu prestígio internacional cresceu a tal ponto que, em 1953, por indicação do Ministério das Relações Exteriores, assumiu a direção do Departamento de Assuntos Culturais da OEA (Organização dos Estados Americanos), cargo que exerceu por três anos, em Washington D.C.. Viajante apaixonado, esteve ainda na Grécia, Oriente Médio e Israel, e retornou várias vezes à Europa e aos EUA.
Até 1950 esteve ligado à Editora Globo, na qualidade de conselheiro literário, função que nunca abandonou de todo, embora mais adiante tivesse preferido voltar-se inteiramente para sua vocação de escritor, a que deu foros de verdadeira profissão, sustentando-se com os rendimentos de sua obra publicada. Para a Globo, traduziu também mais de 50 títulos, do inglês, francês, italiano e espanhol, além de organizar várias coleções literárias célebres, como a Nobel e a Biblioteca dos Séculos.
Seus livros foram traduzidos e publicados em quase todo o mundo: EUA, Inglaterra, França, Itália, Alemanha, Áustria, México, URSS, Noruega, Holanda, Hungria, Romênia, Argentina, etc. No Brasil, recebeu, entre outros, os prêmios Jabuti (1966), Juca Pato (1967), Personalidade Literária do Ano (PEN Club, 1972) e o Prêmio Literário da Fundação Moinhos Santista (1973), para o conjunto da sua obra.
Um dos seus trabalhos mais notáveis é O Tempo e o Vento, romance divido em três partes O Continente, O Retrato e O Arquipélago - que começou a escrever em 1949 e terminou em 1962. Destacam-se também, pela sua força, O Senhor Embaixador(1965), O Prisioneiro(1967), e Incidente em Antares(1971). Erico morreu quando escrevia o segundo volume de Solo de Clarineta, seu livro de memórias.
A poesia a seguir foi composta por Carlos Drummond de Andrade quando da morte de Erico Verissimo:

A Falta de Erico

Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de Sexta-feira
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.
Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.
Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente,
falta o casal passeando no trigal.
Falta um solo de clarineta.

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